O Histórico Serviço de Jantar Canadiano (Comemorativo de Cabot), foi produzido em 1896 e 1897 para comemorar os 400 anos da descoberta do Canadá por Giovanni Caboto (conhecido, em inglês por John Cabot) e para ser oferecido ao Governador-geral, John Hamilton-Gordon (1847-1934). Na realidade, a ideia não foi original, uma vez que já a mulher do presidente dos Estados Unidos Rutherford Hayes, tinha encomendado em 1879 à Manufactura Haviland, em Limoges, um Serviço para os jantares de Estado oferecidos na Casa Branca. Contudo, incitada pelo artista americano Theodore Davis a criar algo que retratasse, puramente, a fauna e a flora americanas, modificou a encomenda, enviando para Haviland cerca de 130 desenhos que retratavam o ambiente americano, feitos pelo referido artista.
O Histórico Serviço de Jantar Canadiano é composto por 204 peças (para banquetes de Estado até 24 convidados) com motivos decorativos, todos diferentes, alusivos ao Canadá.
A história que assiste à produção deste Serviço é interessante. Em 1896 a Associação de Arte Feminina do Canadá, dirigida por Mary Ella Dignam (1857-1938) decidiu criar um Serviço de Estado, de jantar, cujas peças deveriam ser pintadas pelos membros da Associação. Para esse efeito foi criado um Comité que ficou incumbido de reunir fotografias e desenhos de cenários relativos ao Canadá, nomeadamente Fortes e campos de batalha, fauna e flora. Foi então lançado um concurso entre as artistas canadenses, que provieram de Toronto, Ontário, Québec e Nova Escócia, sendo o trabalho repartido por 16 segundo as suas aptidões artísticas.
Uma vez terminado, o Serviço foi exibido em Toronto, Montreal e Québec tendo sido particularmente elogiado, numa altura em que se desprezava a arte colonial por oposição à produzida nas metrópoles europeias. Ainda assim, o Governo Canadiano manteve-se relutante em proceder ao pagamento dos mil dólares canadianos pedidos pela referida Associação, o que motivou um pedido de ajuda ao Senado e à Casa dos Comuns, cujos membros acabaram por pagá-lo por subscrição privada.
Em 1898, o Serviço foi formalmente oferecido à Condessa de Aberdeen (1857-1939), no terminus do mandato do marido como Governador-geral, como forma de reconhecimento dos esforços da Condessa na dignificação das mulheres canadianas. No discurso de agradecimento, a Condessa terá proferido a seguinte mensagem:
«Estas cenas pintadas recordar-nos-ão as várias vozes das pradarias, lagos e rios e assombrar-nos-ão na nossa casa, mas haverá um sussurro das vozes mais profundas que nos falará do amor humano e da amizade e essas vozes, formando um coro invisível, falar-nos-ão na mais pura música do Canadá».
O Serviço seguiu, assim, para a Escócia, mais concretamente para o domínio dos condes de Aberdeen, a «Haddo House», onde ainda se encontra, embora sob administração da instituição «National Trust for Scotland», fundada em 1931, que preserva as heranças naturais e culturais da Escócia.
Os pratos e as chávenas que compõem o Serviço podem ser apreciados com pormenor no sítio internet do Museu Canadiano de História, acessível por este link, no qual surgem ordenados pelos nomes das pintoras que os conceberam.