Tachos&Porcelanas e o Açafrão.
O açafrão é extraído da flor Crocus Sativus. Estima-se que seja a especiaria mais cara do mundo uma vez que, para se obter um quilo de açafrão seco, são necessárias 150.000 flores. Esta especiaria desempenhou um papel particularmente importante no período pré-clássico greco-romano, desde o século VIII A.C. até o século III D.C.; no entanto, estima-se que a primeira imagem da colheita do açafrão surja num fresco no palácio Knossos, sito na ilha de Creta, da idade do bronze.
Esta especiaria alimentou muitas lendas gregas, nomeadamente de marinheiros que se lançavam em viagens à Cilícia, onde se encontrava o açafrão mais valioso. Há mesmo a lenda, eternizada por Ovídio, do jovem Crocus que tentou seduzir a ninfa Smilax, a qual, cansada dos seus avanços, o transformou no açafrão Crocus (daí o nome da flor)… por essa razão, os filamentos alaranjados da flor evocam o amor ardente não correspondido.
A dimensão carnal da especiaria também parece ter atraído Cleópatra, que a usava na sua higiene antes dos seus encontros amorosos, por acreditar que a mesma tornava o momento íntimo mais prazeroso. Na era greco-romana, o açafrão era largamente comercializado pelos fenícios no Mediterrâneo e, na Pérsia Antiga, foi cultivado em Ispaão (durante o século X A.C.), onde era utilizado em cerimónias religiosas, em perfumes, em medicamentos e na culinária.
Também Alexandre, o Grande, o usava nos banhos para curar as suas feridas. Com a queda do Império Romano, tornou-se praticamente inexistente na Europa até ao momento em que o islão se difundiu pelo norte de África e chegou à Península Ibéria, a França e ao Sul de Itália, tendo sido particularmente procurado durante a Peste Negra (1347-1350).