Por volta de 1765, em Saint-Yrieix-la-Perche, nos arredores de Limoges, a mulher do reformado cirurgião militar Jean-Baptiste Darnet (1722-1781) usava uma espécie de «argila branca» como sabão para lavar a roupa.
O marido, interessado nesta matéria, contactou o farmacêutico Marc-Hilaire Vilaris (1719-1792), com quem privara durante a guerra de sucessão da Áustria e que ainda exercia funções no Hospital Militar de Bordéus, para analisar a composição e eventual utilidade da mesma. Durante os trabalhos, o farmacêutico identificou a «argila branca» como sendo o precioso caulino, minério imprescindível à produção de porcelanas. Em resultado, o caulino começou a ser, a partir de 1768, regularmente extraído em Saint-Yrieix-la-Perche e permitiu a elevação da localidade à referenciação da porcelana (conhecida, à época, por “ouro branco”) de Limoges.
Embora, em rigor, seja correcto apontar a «Fayancerie Royalle», fundada em 1736, como a primeira manufactura, por ter sido aqui que, a partir de 1770, ocorreram os primeiros ensaios para o fabrico e a cozedura de porcelanas, a “verdadeira” primeira manufactura de porcelana foi criada em 1771 – a Manufactura dos irmãos Grellet e Massié-Fournérat – que ficou sob a proteção do Conde d’Artois, futuro Carlos X (e irmão do Rei Louis XVI, o qual, em 1769 adquiriu as jazidas, tornando a produção da porcelana um privilégio real).
Em consequência, as peças produzidas a partir de 1771 foram identificadas pelas iniciais «CD», as do Conde, e de 1784 a 1794 a referida Manufactura permaneceu como um anexo de Sévres.
No início, as produções de Limoges eram feitas em formas simples decoradas com bouquets de flores emoldurados num fio dourado rendado. Em 1784, depois de a Manufactura de Limoges ter sido comprada pela Manufactura Real de Sèvres, as suas formas e elementos decorativos tornaram-se mais refinados.
Passada a Revolução francesa, a produção de porcelanas foi retomada e surgiram novas manufacturas em Haute-Vienne e, em 1850, eram já mais de 30. As mais conhecidas eram as de Baignol, de Pierre Tharaud, de François Alluaud e a do Conde de Bonneval.
Com o fenómeno das exposições universais, a porcelana de Limoges entrou na sua era de ouro; as peças divulgadas exibiam grande rigor técnico e surgiu o conceito dos «Brancos de Limoges» que identificava a elevada qualidade do caulino e a perfeição técnica alcançada.
Neste contexto, foi na exposição universal de 1878 que a Manufactura Pouyat apresentou o serviço «Grain-de-riz», concebido por Albert Dammouse que, para tal, esvaziou a porcelana para a encher com esmalte translúcido. Contudo, nos finais do século XIX foi a Manufactura Haviland a dominar o espírito Limoges quando Charles-Édouard Haviland importou para a porcelana francesa os motivos decorativos japoneses, e a levou aos Estados Unidos.
Já no século XX, foi fortemente influenciada por dois estilos – a Arte Nova e a Arte Déco – e posta fortemente à prova durante a 2.ª guerra mundial. No entanto, foi graças ao trabalho conjunto com artistas de renome, que as porcelanas de Limoges acompanharam as correntes do design e ainda hoje são referenciadas pelos «Brancos de Limoges».
Desde 1962, e por decisão do Tribunal do Comércio de Limoges, a denominação «Limoges» está reservada à porcelana aí produzida e decorada.
Curiosidades!!!