A porcelana chinesa que chegava à Europa vinda das Companhias das Índias era sinónimo de riqueza, sofisticação e bom gosto e era comercializada a preços muito elevados. Estas razões entusiasmaram os esforços para a sua produção na Europa. Assim, e não obstante os resultados fracassados das primeiras tentativas, no início do século XVIII o alquimista Johann Friederich Bottger (1682-1719), suportado por Augusto, o Forte (1670-1733), dedicou-se ao estudo da produção da porcelana, sob supervisão de von Tschirnhaus (1651-1708), o verdadeiro pai da porcelana europeia.
Com a morte repentina deste, Bottger parece ter aperfeiçoado a fórmula do seu supervisor e, depois de ter ensaiado a produção e pintura de azulejos com os holandeses, declarou estar preparado para produzir porcelanas.
Foi em 1709 que Augusto, o Forte criou a primeira manufactura de Meissen, perto de Dresden, cuja produção se inciou, oficialmente, em 1710. No início, o primeiro tipo de porcelana criado – denominado Böttgersteinzeug – era de cor encarnada e com grande pormenor, graças aos moldes em que era produzida. Mas foi logo a seguir, por volta de 1713, que se iniciou a produção da porcelana branca de pasta dura pelo uso do caulino.
Embora os progressos de Bottger fossem significativos, a porcelana de Meissen só começou a ser notada por volta de 1723, quando Johann Gregorius Höroldt (1696-1775), assumindo o cargo de Director, introduziu (três anos antes) as decorações – «chinoiseries» – policromáticas, batizando-se este período pela «Fase Clássica» de Meissen. Foi assim iniciada uma produção fortemente inspirada nos motivos decorativos vindos do oriente (Japão incluído) e, pela primeira vez, marcada com o sinal, em azul, da marca, introduzido por Köttig.
Os segredos da produção da porcelana de Meissen, que garantiram o seu monopólio na Europa, foram bem protegidos entre as paredes de Albrechtsburg, mesmo dos próprios trabalhadores cujos conhecimentos eram confinados a apenas uma parte do processo produtivo. Contudo, paulatinamente o trânsito de alguns desses trabalhadores, por volta da segunda metade do século XVIII, pela Europa, foi permitindo a difusão do seu conhecimento e alguns polos de produção começaram a surgir.
Em 1756, durante a guerra dos 7 anos, Meissen foi ocupada pelas tropas prussianas, o que permitiu a Frederico II da Prússia criar, usando os artesãos de Meissen, a Königliche Porzellan Manufaktur Berlin… e aquí começou o declínio de Meissen, agravado pela ascensão decorativa da Porcelana de Sèvres. Em resultado, Meissen viu-se obrigada a rever o seu estilo, a aproximar a sua produção do gosto de Sèvres e a passar para um «segundo Rococó» e, posteriormente, para «Art Nouveau».
Ainda assim, a porcelana de Meissen ficará para sempre associada à produção de delicadas e minuciosas esculturas de pessoas e animais.
Curiosidades!!!
Na imagem, a Sala Rosa do Palácio Nacional da Ajuda, na qual a Rainha D. Maria Pia expunha a sua colecção de porcelanas de Meissen.